quinta-feira, 22 de abril de 2010

The Start...

Para iniciar esse blog, nada mais justo do que publicar uma antiga criação minha. Não digo antiga por fazer muito tempo cronológico, mas sim porque o tempo que passei - e tenho passado - sem ter inspiração para tal me faz ter a impressão de que isso tudo demorou anos, séculos... talvez milênios.

O texto a seguir foi algo que escrevi e do qual, de certa forma, me orgulho. Talvez por ter sido um dos poucos que, numa leitura posterior, me fez chorar (rs... sim, volta e meia eu também choro) e por isso talvez deva estar aqui.


Eu sou... simplesmente sou. Não aquilo apenas que você vê, mas também aquilo que não se pode, com os olhos, enxergar.

Sou uma caixa de Pandora ou uma caixinha de música. Posso guardar dentro disso que chamo de coração a mais bela melodia que você já imaginou ouvir ou simplesmente um desesperado grito de socorro por salvação. Posso parecer o maior acerto da sua vida ou posso simplesmente ser tudo aquilo que você imaginou em um dia não saber e/ou viver... mas o que posso fazer? No final das contas, essa sou eu.

Eu sou a compreensão de um livro traduzido do que eu nunca entendi. Sou a transformação que sucede um dos momentos mais memoráveis de minha vida: a aparição dela. Não tenho manual de instruções porque, caso o tivesse, saberia até mesmo compreender-me – coisa que nunca fui capaz de inteiramente fazê-lo – e deixar que ela me compreendesse melhor. No entanto, parece que, melhor que ninguém na face da Terra, ela consegue me desmistificar e entrar lá no fundo mesmo de minha alma... ela consegue triscar na superfície ou então escavar na mais sombria profundeza de mim. Não sei como, mas ela consegue. Ela tem literalmente a chave do meu coração e, seja lá o que ela fará com isso, ela sabe onde tocar.

Eu fui uma lutadora vinda de várias batalhas. Por trás de minha linda armadura, escondo as mais feias cicatrizes. São cicatrizes de batalhas que eu não deveria ter lutado. Cicatrizes de erros que eu cometi e que talvez até me arrependa de alguns, tal como o sumiço de um dos troféus que ela me deu – e não há o que mais me doa saber que eu erro e, infelizmente, errei e que isso dói em mim também, mas eu sou feita de carne e osso, sou feita de emoções, sou feita de erros e não posso viver como se de ferro fosse feita.

Sou um erro!? Talvez. Um acerto? Não sei... apenas sei que dela sempre sinto falta e ela faz parte de tudo isso que sou hoje. Além disso, faz parte do que eu quero ser. Eu a amo e, erroneamente, às vezes deixo de me amar para amá-la um pouquinho mais, afinal, não tenho tanto espaço para ser tudo aquilo que sou ao lado dela. Sou uma lesada, estabanada, desastrada, ciumenta, facilmente machucada, insana, esquisita, misteriosa... e talvez esses sejam 2% de todos os meus defeitos. No entanto, minhas qualidades podem não se balancear em números, mas certamente superam em intensidade. É por ELA que sou uma enormemente apaixonada. É por ela que não meço esforços e tento sempre ir mais além pra ser aquilo que ela gostaria que eu fosse – o que muitas das vezes vai um pouco além das minhas possibilidades, mas que garanto tentar fazê-lo sempre que possível – e alcançar mais longe. É por ELA que ignoro coisas que haveriam de me machucar, pois, uma vez em meu coração, isso pode magoá-la. É por ela que minha matemática se distorce a partir do momento que ela transforma segundos em horas (quando ela está para chegar), dias em segundos (quando estou com ela) e dois corações, dois corpos em um só. Claro que nas mais diversas regras, há suas exceções, mas nesse caso de nós duas, não há matemática que tenha um resultado positivo no que diz respeito a tirá-la de mim.

Não sei se soube sempre amá-la, mas sei que, como a amo hoje, nunca amei ninguém... e daí o meu medo. Talvez eu também havia sido um anjo que nunca foi tão angelical e certo a ponto de merecer um espaço no céu e, em suas mais longas jornadas, quebrou as asas várias vezes e, cansado de consertá-las – e da dor que sentia a cada vez que voava, ou seja, se apaixonava – cansou-se e decidiu não mais tentá-lo. Prometeu a si mesmo nunca mais tentar novamente se aventurar. O chão era seguro. No entanto, às vezes a dor chegava a ser insuportável... e esse anjo chorou. Chorou e criou o seu rio de lágrimas. Não tendo outro lugar pra ficar, tornou ali seu habitat. Aprendeu a nadar e ali permaneceu. Num belo dia, seu rio desaguou em um mar... um mar de amor que refletia-se nos olhos dela. Encantou-se com a possibilidade de um amor ter uma tamanha vastidão... e ah, se apaixonou. Se apaixonou perdidamente pois nunca havia visto amor maior... mais lindo... mais verdadeiro. Daí então surge seu medo. Medo de saltar do alto de um penhasco tão grande para mergulhar nesse mar de amor e não tê-la para segurá-la. Não somente isso, mas também o medo de o mar secar ou se mudar de lugar e esse anjo não mais ter pra onde ir, pois, de onde ele veio, ele não sabe mais – e muito menos quer pra lá – voltar. Em outras palavras... medo de perdê-la para não mais me perder.

Ela me achou quando ninguém estava procurando. Tirou minha armadura, viu minhas cicatrizes e não teve medo delas. Abriu a caixa do meu coração, tomou-a pra si e aprendeu a manuseá-la como ninguém. Acolheu-me em seus braços e me apertou forte, me mostrando que minha armadura que sempre carreguei carregava algo muito menor mas que ela poderia carregar em suas mãos junto com meu destino. Ela me mostrou que o que as ondas do que sinto por ela podem bater com muito mais intensidade do que meu rio poderia correr... e isso me deu medo porque mesmo as rochas se quebram com as ondas do mar.

Ela se tornou a melhor parte de mim e deu-me um medo de sem ela ter de ficar

Pois eu sei apenas onde estou, mas não onde ela vai estar

Não sei pra onde estou indo, mas eu quero que ela esteja lá

Ela vai me ver triste, chorando, sorrindo, mas eu queria que ela fosse me acalentar

Não garanto que ela vá me entender, mas queria que tivesse paciência pra ao menos tentar

Não garanto que serei fácil, mas prometo até me esforçar

Não serei tudo o que você sonhou, mas o meu amor pode até te mostrar

Que ninguém nunca sentiu nada mais forte e nem nunca sentirá

Não a tenho sempre, sento e fico a lua a admirar

Na esperança de que uma hora, sem que eu a peça, ela possa chegar

Me desculpa pelas vezes que tento fazê-la sorrir... e consigo fazê-la chorar

Juro, nunca foi minha intenção... não é do meu feitio te magoar

Eu sempre disse que não era perfeita, mas que poderia o mais perto chegar

Isso não é da noite pro dia... fica do meu lado pra poder esperar

Nem sempre eu vou admitir que dela eu vou precisar

Ela não precisará ouvir de minha boca... estará escrito no meu olhar

Eu nunca a falei que seria fácil... mas ela SABE QUE HOJE valeu a pena tentar

(creio)

Ela me faz, dia após dia, constantemente me apaixonar

É com ela que quero uma casa, quero me casar, quero ter um lar

Pois meu coração nunca foi tão vazio

Tão sombrio

Tão arredio

Tão frio...

Quanto quando ela não está lá

E assim concluo que sem ela, não sei viver... aprendi que não dá.